Pontos formais importantes para um bom periódico científico

Os periódicos científicos são ferramentas essenciais para o avanço da ciência, já que tradicionalmente são por eles que muitos resultados, revisões e análises de pesquisas são discutidas entre especialistas. Eles são um dos principais meios difusores da ciência, ao lado dos debates em eventos científicos e seus anais.

As publicações em revistas científicas também colaboram com a preservação do conhecimento intelectual, pois ajudam a marcar o reconhecimento do trabalho de um pesquisador registrando sua contribuição para uma nova descoberta ou avanço.

Mas o papel social de um periódico vai muito além, pois eles têm o poder de abrir novos programas de pesquisa científica e novas frentes de discussão de assuntos relevantes e também  proporcionar a abertura de caminhos para que mais pessoas, especialistas ou não, tenham acessos e incorporem o conhecimento científico para atacar problemas  de interesse coletivo.

No entanto, independente das diretrizes de uma equipe editorial e as funções sociais que querem para seu periódico, existem algumas características formais que são importantes para manter a universalidade de seu conteúdo.

O mais importante para uma revista científica é a qualidade dos artigos publicados (as chamadas características intrínsecas da revista), o que depende das submissões e dos processos de revisão por pares do periódico. No entanto, isso não significa negligenciar a normalização e outros aspectos formais (as características extrínsecas), pois são elas que colaboram na indexação das revistas em diferentes bases de busca de dados.

Para entender um pouco melhor quais são esses aspectos formais considerados importantes para a padronização desses veículos, tomamos como base o estudo de mestrado de Solange dos Santos, que fez um mapeamento sobre as características extrínsecas – que não estão relacionadas ao conteúdo e sim à forma – de revistas brasileiras de ciências humanas (confira aqui a dissertação).

Aspectos formais de um periódico

Muitas vezes uma pesquisa com qualidade para um campo científico pode se perder na discussão científica, simplesmente porque outras pessoas não têm acesso às revistas. Seja porque elas não são facilmente localizáveis (o que pode ser resolvido com um código DOI) ou por não seguirem uma organização reconhecida dentro da comunidade.

Por isso, os editores científicos devem se atentar à normalização e atendimento às características extrínsecas dos periódicos, porque esses pontos podem ajudar todos os envolvidos no processo de difusão, tanto para os leitores, que vão encontrar as informações principais sobre a revista e seus artigos, quanto para os autores e editores, que ganharão mais credibilidade pela organização e clareza das publicações.

Entre os principais pontos formais para um bom periódico estão:

Normalização

A normalização é realmente seguir um padrão para o periódico. Isso quer dizer respeitar a periodicidade da publicação, por exemplo. Se a publicação se diz quadrimestral, a revista deve ter três edições por ano, sendo publicadas preferencialmente no primeiro mês do quadrimestre e  sempre comunicando os leitores sobre possíveis mudanças. Outro ponto importante da normalização é fazer a devida por indexação do periódico nas principais bases de busca científica. Por fim, é preciso padronizar qual modelo de referência é adotada pela revista nas instruções aos autores (Vancouver, APA, ABNT, etc…).

Instruções aos autores

As instruções aos autores são essenciais e por isso a revista deve indicar claramente quais são as suas exigências de publicação, como por exemplo formato dos artigos ou dados dos autores exigidos. Também há revistas que não aceitam resenhas ou entrevistas, enquanto outras sim, sendo então necessário haver um campo com a categorização e definição de quais tipos de artigos são aceitos e se esses devem ser originais ou se podem ser revisões bibliográficas e produções derivadas de preprint e anais de eventos. A definição dos idiomas adotados pelo periódico também é de extrema importância; com as exigências de internacionalização, muitas revistas passaram a publicar apenas em inglês, enquanto outras aceitam um determinado leque de idiomas e outras  mantêm a tradição em publicar somente no português. Ainda sobre os idiomas, as revistas devem esclarecer se mantêm parcerias com empresas especializadas em tradução ou se exigem que seja arcada pelos autores. Nessa área de instruções é interessante explicar também qual o modelo da revista e se ela atua em acesso fechado ou aberto e em quais níveis, indicando se é permitido que os autores depositem os seus trabalhos em repositórios pessoais ou institucionais, por exemplo.

Avaliação dos artigos

Além de esclarecer aos autores qual é a metodologia ou arbitragem para o aceite dos artigos (revisão por pares, cega, duplo-cega, revisão aberta, pelo conselho editorial, etc…),  deve-se também se explicitar quais são os critérios exigidos e passíveis de recusa ou sugestão de alteração nos textos.

Indicadores

Os leitores e autores devem ser informados sobre todos os indicadores, que o periódico tem, já consolidados pela comunidade acadêmica mais os que os editores consideram importantes para o conhecimento. Como classificação Qualis utilizada no Brasil – e que é até mesmo usado como indicativo para que o periódico receba fomento público para sua manutenção -,  além de outros indicadores bibliométricos, como: Fator de Impacto medido pela Thomson Reuters, SJR (Scientific Journal Rankings) da Scimago e demais centros que compilam as citações do periódico. Outros dados interessantes para a divulgação são as métricas alternativas, como o nível de divulgação dos artigos pela internet medido pelo Altmetric e similares, assim como o número de acessos aos artigos e vida média da revista.

Localização

Do que adianta um bom artigo que não é encontrado para ser lido? Por isso os editores científicos devem prezar pelo ISSN, código mais conhecido de identificação das revistas eletrônicas ou impressas, e também pelo depósito do DOI (Digital Object Identifier) nos seus textos (caso exista a versão eletrônica do periódico) para que eles não se percam na internet (somos membros autorizados da Crossref para realizar o depósito DOI).

Esses são os principais pontos formais que os editores, leitores e autores devem ficar atentos. Caso você seja um editor(a) científico(a) e tenha mais dúvidas sobre o seu periódico, entre em contato com os nossos especialistas. Além da hospedagem em OJS, oferecemos outros serviços essenciais como depósito de DOI e uma boa apresentação gráfica do portal para que ele seja agradável e responsivo a smartphones, desktops e tablets.

Referências:

SANTOS, Solange Maria dos. Perfil dos periódicos científicos de ciências sociais e humanidades: mapeamento das características extrínsecas. 2010. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

SANTOS, Solange Maria dos; NORONHA, Daisy Pires. Periódicos brasileiros de Ciências Sociais e Humanidades indexados na base SciELO: características formais. Perspect. ciênc. inf.,  Belo Horizonte ,  v. 18, n. 2, p. 2-16,  June  2013 . Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-99362013000200002 

Equipe do Galoá science

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