UERJ, Odisseia de heróis, RESISTE!

Desde 2015, servidores docentes e não docentes da maior, mais antiga e mais respeitada universidade entre as estaduais do Rio de Janeiro, a UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ), não estão recebendo os repasses constitucionais (6% mensais), portanto o desrespeito à lei é a regra, os uerjianos vêm mantendo a instituição funcionando a duras penas.

Uma senhora de quase setenta anos, provecta, portanto forte e competente, tem-se mantido viva e produtiva, pelo empenho de seus perfilhados. Professores, servidores técnicos e alunos vêm subindo 12 andares de rampa, passando dificuldades de alimentação, tendo de ajudar na aquisição de material de consumo entre outras precariedades constituem uma hélade de semideuses e heróis que, a despeito da penúria pessoal que vêm enfrentando, vêm investindo suas forças na manutenção da UERJ, sobretudo no que diz respeito à qualidade de sua produção.

Um modelo de desgoverno mentecapto para as obrigações e especialista nas ações fraudulentas, portanto criminosas, vem dilapidando há anos o Estado do Rio de Janeiro. E o povo, crente e votante nessa mesma gente, vive os piores dias de sua vida: hoje, o cidadão do Estado do Rio vai para ir à padaria (quando tem dinheiro para o pão, é claro!) e nem sempre consegue voltar para casa. O crime aumenta a cada dia. Hoje, crianças perdem, pela mão dos facínoras, a vida antes de nascer. E isso só tende a piorar com a impunidade grassando e com a educação sendo destruída.

A UERJ é um celeiro de incubação de cientistas e professores de alta qualidade, reconhecidos internacionalmente. Agora, em decorrência dessa crise imoral que vem se avolumando, dia a dia, hora a hora… Desde o Governo Garotinho, encontrou o seu ápice na gestão Cabral/Pezão.

Foto aérea de UERJ com escritos "SOS UERJ"
Foto aérea de UERJ com escritos “SOS UERJ”

A fuga de cérebros nos apavora. O UERJ, de onde saiu uma cientista que fez um veículo andar em Marte, é hoje desmantelada pela corrupção e incompetência dos desgovernantes desse Estado.

Não adianta mostrar em rede global as belezas do Campus Avançado da Ilha Grande. Não adianta dizer que a UERJ tem diversos campi avançados e espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro. Por que não adianta? Porque além do desmonte direto à Universidade, há o desamparo do Estado que está entregue ao crime cotidiano. O cidadão fluminense está refém da desgraça.

O Hospital Universitário Pedro Ernesto, nosocômio de referência internacional também, vem sendo sucateado a cada dia, e quem paga o preço é a população. Tanto pelo número e preços indecentes dos impostos quanto pela falta ou pelo precário atendimento. Médicos e enfermeiros, quando ainda podiam, estavam comprando materiais para atendimento, de seu próprio bolso. Hoje, já não têm dinheiro nem para as necessidades mínimas.

Imagem de funcionários da UERJ e do Hospital Universitário Pedro Ernesto protestando com cartazes
Imagem de funcionários da UERJ e do Hospital Universitário Pedro Ernesto protestando com cartazes

Há professores doutores pesquisadores, que empenharam sua vida nos estudos e no ensino, formando as novas gerações para o engrandecimento do Estado e do país, que estão sofrendo cobranças e ameaças de toda sorte: luz cortada, IPTU atrasado, processos de despejo, nome no cadastro negativo do SPC, filhos transferidos para escolas públicas (que também estão sofrendo desmonte ou sendo fechadas), cortando plano de saúde, modificando hábitos alimentares, deixando de comprar remédios de uso continuado, enfim…. É o apocalipse vivido pelos uerjianos.

Onde está a justiça, onde está o Estado?

Hoje os três poderes se locupletaram com as propinas. O executivo abriu mão de arrecadações vultosas, com as quais cumpririam suas obrigações, para manter alimentadas as suas indecentes mesadas, que vira-e-mexe são festejadas em iates de luxo regadas a whiskies importados de safra especial.

Enquanto isso, professor doutor se traveste de homem sanduíche e sai às ruas à procura de emprego, “vendendo-se” por qualquer trabalho, por qualquer salário porque é preciso sobreviver.

O Estado lucrou e ainda lucra com a fama de primeiro Estado a implantar o sistema de cotas, pela iniciativa da UERJ. Hoje, os cotistas estão na penúria, sem bolsas, sem Bilhete Único, sem restaurante universitário, sem sem sem…

O Estado anuncia aumento da arrecadação, mas não tem a decência de organizar um calendário de pagamentos para os servidores ativos e inativos. Desde 2015, bolsas começaram a atrasar.

O Programa de fixação de pesquisadores, invejado por muitas IES, o Prociência, hoje em dia está com cinco meses de bolsas atrasadas.

O 13º salário e os abonos de férias são verdadeira lenda hoje. Falar desses temas exige que se comece com “Era uma vez…”.

Os salários e pensões são pagos como esmolas, em depósitos irregulares que variam entre 200 e 700 reais. É lamentável.

Enfim, é uma calamidade! E o desgoverno do Estado do Rio de Janeiro descansa em berço esplêndido, ora se escondendo atrás de um câncer, ora fingindo de prejudicado com os servidores comuns. Não tem vergonha de se queixar diante dos  salários indecentes.

A calamidade está instalada. O projeto é destruir a UERJ e o ensino público de qualidade. MAS NÓS NÃO VAMOS PERMITIR. A UERJ CONTINUARÁ RESISTINDO até que esse desgoverno caia ou saia e deixe o estado do Rio VOLTAR À NORMALIDADE.

Não estamos mortos. Não estamos paralisados. Vamos enfrentar esses bandidos que se dizem políticos e vamos salvar a UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Eu, nos meus 47 anos de serviço público no Estado do Rio, com 30 anos de UERJ, não aceito esse estado de coisas e vou lutar até o fim de minhas forças pela manutenção da UERJ com a qualidade que construímos historicamente.

A UERJ RESISTE!

Sobre A Autora

Darcilia Simões é professora associada do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), vice-presidente da Associação Internacional de Linguística do Português (AILP), coordenadora do Laboratório de Semiótica (LABSEM) e das Publicações Dialogarts. Lidera o GrPesq Semiótica, Leitura e Produção de Textos (SELEPROT)- Base CNPq. Suas pesquisas privilegiam o ensino da língua portuguesa, com foco principal na iconicidade e na linguística aplicada.