Muitos pesquisadores com acesso à internet estão habituados a conferirem as novidades de sua área em revistas científicas de forma eletrônica, seja pela facilidade em ter o conteúdo com antecedência ou ainda porque as revistas de interesse existem apenas nessas versões, uma estratégia adotada por muitos periódicos para reduzir custos e até mesmo o desperdício de papel nas impressões.
No Brasil o contexto não é muito diferente, país que se destaca com grande número de revistas em acesso aberto, ganhou em 2003 como aliado o Sistema Eletrônico para Editoração de Revistas, conhecido como SEER e tradução de Open Journal Systems (OJS), um software aberto desde sua instalação até a preservação dos conteúdos publicados, cuja primeira versão completa 15 anos em 2016.
No entanto, o SEER/OJS é uma ferramenta recente se comparada com o histórico por trás dele, como o surgimento das primeiras tecnologias da informação e comunicação (TICs) e do crescimento da política de acesso aberto.
Isso porque a concepção em se criar periódicos eletrônicos começou a ser desenvolvida junto com os primeiros computadores nos anos 1960, embora só tenha deslanchado um pouco mais com a popularização dessas máquinas nos anos 1970. Nessa época em que a informática ainda era precária, as publicações eletrônicas sofriam muitas críticas importantes como os problemas de acessibilidade: uma interface pouco amigável, a cultura de leitura pelo papel que dificultava a inserção da leitura em tela e, principalmente, uma frágil conexão de internet, esse último ainda presente em muitas regiões do mundo e também do Brasil, justificativa para muitas revistas ainda manterem suas versões impressas e eletrônicas.
Apesar de hoje ser possível acessar os periódicos pela internet, é interessante lembrar que em um passado próximo muitas das versões eletrônicas contavam com a distribuição das revistas em CD-ROM (tecnologia em desuso), mas apenas como a versão não impressa da revista, e não com toda a editoração eletrônica.
A evolução dessas publicações acompanhou as tecnologias na área da informática. Por exemplo, quando nos anos 1990 foram modernizadas as redes de telecomunicações, iniciativas de publicação em preprint (versões sem avaliação por pares que não foi publicada em revista) se aproveitaram para agilizar a comunicação científica.
Mesma oportunidade observada pelas grandes editoras comerciais, que passaram a investir em infraestrutura para se aproveitarem dessa prometida interatividade que a web permite entre os pesquisadores (como uso de hiperlinks e conteúdo multimídia), reduzindo seus custos, mas não seus altos lucros. Essa situação gera até hoje debates sobre as políticas de comunicação dando vazão às ideias de acesso aberto, consolidado oficialmente em 2002 com a declaração de Budapest Open Access Initiative (BOAI).
Arquivos abertos e o SEER/OJS
Apesar do marco do acesso aberto (que visa entre outros temas de comunicação o acesso de leitura gratuita de artigos científicos), ter sido a declaração de BOAI, o debate sobre publicações e ferramentas abertas já ocorria desde os anos 1990, como a convenção de Santa Fé, nos Estados Unidos, que originou o Open Access Initiative (OAI) a fim de promover uma interoperabilidade entre máquinas, ou seja, sistemas abertos que conseguem se comunicar com outros sistemas, como de revistas e repositórios acadêmicos, como ficou conhecido o Open Archives Iniciative Protocol for Metadata Harvesting (OAI/PMH), protocolo que permite os sistemas de informação manterem suas identidades, e também incorporar e colocarem a disposição os seus metadados (informações ou conteúdos) para outros sistemas.
Nesse panorama que John Willinsky, da University of British Columbia no Canadá, fundou em 1998 o Public Knowledge Project (PKP) que mantinha esforços para melhorar a gestão e comunicação científica na ainda incipiente internet naqueles anos, entre esses projetos foi desenvolvido em 2001 a primeira versão do software Open Journal Systems (OJS), disponibilizado em 31 de agosto deste ano a sua versão 3.0 com novas funções.
Em um ambiente virtual onde pipocavam os provedores de dados não interoperáveis, o sistema surgiu como uma boa saída para a gestão e editoração dos periódicos eletrônicos em acesso aberto, já que se encontrava disponível sem custo para os editores pelo uso do sistema livre.
Essa foi a principal concepção de seu criador, que buscava melhorar o acesso aberto, mas se deparou com o problema do custo de editoração das revistas desse modelo. A solução foi o software de código aberto e desenvolvido especificamente para editores de forma que se aproximasse com suas rotinas (com processador de texto, e-mail, navegadores…), além de tentar sempre se adequar às particularidades de cada revista e editor.
O software foi desenvolvido para cobrir todos os aspectos de editoração, como criação de uma página na web, envio e recebimento de artigos, estabelecimento de prazos, revisão por pares e editoração, além de ser compatível com todos os sistemas operacionais, como Linux ou Windows, por exemplo.
Atualmente o OJS é usado por periódicos de todo o mundo e até 2015 foram contabilizadas 32 mil revistas científicas como usuárias do sistema.
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Leia mais:
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Fontes:
Ferreira, Ana Gabriela Clipes, & Caregnato, Sônia Elisa. (2008). A editoração eletrônica de revistas científicas brasileiras: o uso de SEER/OJS. Transinformação, 20(2), 171-180.
López, Michelle. (2012). Open Journal System (OJS) Una herramienta de gestion editorial en linea. Archivos Venezolanos de Puericultura y Pediatría, 75(2), 34. Recuperado en 19 de septiembre de 2016. Conteúdo disponível neste link.
COSTA, Michelli Pereira da, & LEITE, Fernando César Lima. (2016). Open access in the world and Latin America: A review since the Budapest Open Access Initiative. Transinformação, 28(1), 33-46. Conteúdo disponível neste link.
Márdero Arellano, Miguel Ángel and Duarte Moreira dos Santos, Regina Maria and Sodoma da Fonseca, Ramón Martíns SEER: disseminação de um sistema eletrônico para editoração de revistas científicas no Brasil. Arquivistica.net, 2006, vol. 1, n. 2. [Journal article (On-line/Unpaginated)] Disponível neste link.
John Willinsky, (2005) “Open Journal Systems: An example of open source software for journal management and publishing”, Library Hi Tech, Vol. 23 Iss: 4, pp.504 – 519.