Não é de hoje que há o questionamento sobre a eficiência de uma educação tradicional, em que os alunos apenas recebem de forma passiva as informações dadas na lousa pelos professores. Isso porque muitos alunos podem somente memorizar até o momento das provas o conteúdo apresentado, mas sem demonstrar real interesse ou apropriação do conhecimento.
Nesse contexto, pesquisadores da área de Educação experimentam diferentes recursos didáticos para ressignificar o aprendizado de forma que os estudantes passem a ter prazer em estudar e mais curiosidade nos temas abordados, como a experimentação dentro na sala de aula, permitindo que os alunos manuseiem e descubram por si só alguns conhecimentos científicos.
Essa foi a proposta de Jéssica das Mercês, bióloga que em seu estágio docência desenvolveu esses recursos didáticos e compilou os resultados finais no trabalho “A importância e os prazeres da experimentação em sala de aula”, apresentado na 6ª edição do Encontro Regional de Ensino de Biologia do Nordeste (VI EREBIO-NE). A edição em que o trabalho foi apresentado teve como tema central “Rumos e Desafios Curriculares para o Ensino de Biologia”, com os anais publicados pela plataforma Galoá Proceedings.
Em seu artigo com coautoria de Alday Souza, docente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), é explicado que as aulas experimentais não excluem as aulas teóricas, mas devem ser incentivadas como complemento para um aprendizado mais eficiente e que gere questionamentos entre os alunos. O retorno positivo veio direto dos alunos, com depoimentos como “Vendo os animais, ficou mais fácil aprender” e “suas aulas eram muito legais e interessantes”.
Para entender melhor sobre a pesquisa, conversamos com Jéssica das Mercês sobre sua vivência na pesquisa, durante o VI EREBIO e utilizando as tecnologias do Galoá.
Confira a seguir:
Para começar, gostaria de pedir para você contar um pouco para nossos leitores sobre sua trajetória profissional e sobre sua pesquisa.
Sou formada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Lá, eu fiz pesquisas relacionadas à área de Zoologia, mais especificamente carcinologia (que estuda os crustáceos), e também muitas pesquisas na área da Educação. Na Educação, muitos dos meus trabalhos foram na temática de produção modelos didáticos, então, eu trabalhei com metodologias que podem ser trabalhadas em sala de aula, como utilização de conhecimentos prévios, experimentação e aulas lúdicas.
E sobre o seu trabalho apresentado, você poderia contextualizar seu objeto de estudo?
No trabalho que apresentei no VI EREBIO/NE, trabalhei com a metodologia de experimentação em sala de aula. Então, para contextualizar os conteúdos de botânica e zoologia do sétimo ano do Ensino Fundamental, levei à sala de aula experimentos com materiais biológicos, por exemplo, o estróbilo de uma Gimnosperma, ou seja, as estruturas reprodutivas de plantas como pinheiros e sequóias.
Como foram as etapas do processo de pesquisa e experimento?
Primeiramente, eu estudei o conteúdo referente à aula que seria dada; nesse caso, pesquisei por métodos de experimentação de fácil acesso e que poderia ser realizada com alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental. Após feita a pesquisa, foi importante testar o experimento em casa antes de levá-lo à sala de aula, já que imprevistos devem ser evitados e levar em conta o tempo necessário para a realização do experimento, outros pontos importantes a serem considerados são a disponibilidade dos materiais e a questão da segurança dos alunos. Tendo testado o experimento, fiz um planejamento, para que o conteúdo e a experimentação fossem realizados no mesmo dia, sendo que o conteúdos foi lecionado antes.
Você poderia comentar um pouco acerca dos resultados alcançados. Houve grandes variações dos objetivos iniciais propostos?
Foi uma experiência muito boa, visto que com a experimentação os alunos se mostraram muito mais abertos ao conhecimento, interagiram com a aula e fizeram muitos questionamentos, e em minha opinião os questionamentos são importantes, pois se os alunos possuem dúvidas sobre determinado assunto e questionam, é porque eles têm o interesse em aprender. No fim, os resultados superaram as expectativas para o trabalho.
E quais foram as outras conclusões do processo de pesquisa?
Essa pesquisa mostrou a necessidade de novidade no âmbito escolar, pois tanto discentes quanto docentes estão cansados de aulas tradicionais, nas quais o conteúdo é simplesmente transferido aos alunos, que com desinteresse, fazem somente a memorização momentânea do conteúdo para tirar a nota necessária nas avaliações. Com a experimentação e outras metodologias diferenciadas, os alunos dão significado para o conhecimento e passam a ter mais interesse em estudar e conhecer. Além disso, com metodologias variadas, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais prazeroso, para alunos e professores. É sabido que existem barreiras, como falta de tempo dos professores e estrutura precária das escolas, que muitas vezes impossibilitam ou dificultam esse trabalho diferenciado, mas devemos ser persistentes, pois é necessário que a educação se torne um dos mais importantes pilares de nossa sociedade.
Poderia descrever as perspectivas futuras com relação ao seu projeto neste trabalho?
Espero que muito além de um trabalho realizado em um momento de regência de estágio, que essa prática seja alicerçada em meu dia a dia como professora, pois os aprendizados obtidos por intermédio dessa pesquisa e experimentos demonstraram a grande importância de atrair os alunos para serem participantes ativos do processo de ensino-aprendizagem. E que este trabalho auxilie outros docentes a procurarem meios de tornar o estudo mais significante na vida dos estudantes.
Qual a importância de um congresso, como VI EREBIO/NE, para os pesquisadores e profissionais da sua área?
É de grande importância, pois é através de um evento como esse que os profissionais da área podem apresentar e discutir as suas produções científicas, além de mostrar as grandes lacunas e dificuldades enfrentadas por colegas de profissão em toda a extensão regional que o evento alcança. Assim, podemos encontrar, em conjunto, soluções para a Educação como um todo.
Agora, para sabermos um pouco sobre a sua experiência de uso do Galoá, ao se inscrever e submeter trabalhos no congresso, o que você achou?
Foi uma experiência satisfatória, visto que a plataforma facilitou o processo. Além de vantagens como o ranking de trabalhos mais visualizados e o relatório mensal dos trabalhos, que apresenta o quanto a temática estudada está sendo procurada plataforma Galoá Proceedings.
O que está achando da nossa série Pesquisa em Destaque?
É um excelente meio para a propagação de pesquisas, que facilita a troca de experiências e relatos, além de nos fazer refletir ainda mais sobre nossos próprios trabalhos, incentivando novas ideias.
Gostou da Pesquisa em Destaque do 6º Encontro Regional de Ensino de Biologia do Nordeste (EREBIO-NE)?
Confira os anais da edição de 2015 aqui.