Eventos científicos, submissão de artigos, editoração do novo fascículo de um periódico, correção de dissertações e teses entre tantas outras atividades facilitam muito a nossa comunicação entre nossos colegas, ainda mais em rotinas com prazos tão apertados como a de nós, pesquisadores, mas será que só isso basta para aguçar nossa mente e quem sabe até ter mais ideias que nos ajudem em nossas pesquisas?
Já deu para perceber que o post de hoje vai ser um pouco diferente do que costumamos publicar, não? É que nós, do Galoá, frequentamos pela primeira vez o evento quinzenal “Chopp comCiência”, que ocorre em Barão Geraldo, distrito de Campinas no interior de São Paulo. A proposta do evento é quebrar essa visão do pesquisador “dentro dos muros da academia” e levá-lo para discutir suas pesquisas de uma forma bem descontraída com não-especialistas da área, sem power point e (como o nome sugere) com uma boa caneca de chopp na mão.
Se pararmos para lembrar como era o diálogo entre os cientistas antes do advento da “Philosophical Transactions” em 1665, da inglesa Royal Society e pioneira entre as revistas científicas, além das tradicionais cartas e reuniões científicas os bares e cafés eram frequentes pontos de encontros e debates dos pesquisadores. Por que não voltar com essa tradição e ainda aumentar o público interessado em diferentes temas científicos?
Na edição de ontem (30 de agosto de 2016), fomos discutir sobre os dinossauros brasileiros na ficção, bate-papo mediado por Tito Aureliano e Aline Ghilardi, que além de pesquisarem sobre paleontologia no Brasil, desenvolvem vários projetos de divulgação científica sobre a temática, como o blog Colecionadores de Ossos, que também tem um canal no YouTube, Paleoarte, jogo de tabuleiro e recentemente o lançamento de um livro de ficção científica “Realidade Oculta” de Tito Aureliano.
O encontro rendeu uma boa conversa informal sobre como os dinossauros são retratados nos filmes e literatura, o que tem de diferente entre os fósseis encontrados no Brasil com os que popularmente conhecemos, curiosidades sobre o trabalho nos sítios paleontológicos, além da críticas sobre a ausência de políticas assertivas para possibilitar o crescimento do campo de pesquisa e dos problemas enfrentados pela paleontologia no Brasil, como o tráfico e destruição de fósseis.
Livro: Realidade Oculta
Um dos destaques do encontro foi entender a construção da narrativa “Realidade Oculta”, lançamento de Tito Aureliano. A ficção científica retrata com bastante fidelidade as pesquisas paleontológicas brasileiras, benefício de ter uma história escrita por um pesquisador da área, por isso que na conversa o casal já adiantou para esquecermos a imagem fantasiosa de dinossauros dos cinemas, porque o que vamos encontrar no livro são as criaturas brasileiras, pouco retratadas nas mídias populares, mas nem por isso menos atraentes.
A premissa do livro pode fisgar até mesmo os não amantes de ficção científica (como eu). A história começa com a descoberta do diário de uma senhora do século XIX em um antigo manicômio contando curiosas aventuras de uma acidental “viagem no tempo” por um grupo de pesquisadores até o Período Cretáceo, quando e onde eles tentam encontrar uma forma de retornarem para a realidade que viviam utilizando, claro, a ciência a seu favor. A história carregada de suspense mostra com ilustrações os desafios para sobreviver com dinossauros, pterossauros e outras ameaças do período. Mas…. Será que a história dessa senhora é verdadeira ou só mais uma das alucinações da paciente internada no manicômio? O que aconteceu com o grupo de pesquisadores? Dúvidas instigadas por Tito e Aline para desvendarmos no livro.
Além de relaxar com um bom chopp, a experiência foi ótima e estimulante para conhecermos e discutirmos outras áreas científicas. Ficou interessado nos encontros do Chopp comCiência também? Eles ocorrem no Echos Studio Bar, com entrada gratuita, normalmente nas terças feiras, confira a programação.
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