Bolsista de IC tem mais chances de concluir pós-graduação, aponta estudo do MCTIC

Uma pesquisa inédita foi realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), sobre os impactos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) na formação dos graduandos, a qual destaca que os egressos do PIBIC têm 2,2 vezes mais chances de completar suas dissertações de mestrado e 1,51 vez maior de concluir as teses de doutorado, comparado a alunos que não passaram pela experiência dentro dos mesmos programas de pós-graduação.

Essa constatação é importante ao entender que uma das metas do PIBIC se pauta, além do despertar de interesse pela pesquisa entre graduandos, oferecer bases sólidas de metodologia de pesquisa e visão criativa e crítica para encurtar o tempo dedicado à conclusão de uma pós-graduação stricto sensu.

Entre os dados apresentados, também é notável que experiências mais breves (com média de um semestre) em projetos PIBIC estimulam menos os graduandos a seguirem a carreira acadêmica. O relatório destaca que o motivo disso acontecer é que “projetos de mais longa duração associam-se fortemente com as experiências de melhor qualidade dos alunos, como medida por diversos indicadores a exemplo da participação em congressos, da publicação de trabalhos e do uso de língua estrangeira.”.

Isso ocorre porque os alunos se sentem motivados quando discutem e aprimoram suas iniciações científicas, debates que podem ter impacto internacional, como o caso do PIBIC Unicamp que teve 32,45% dos acessos aos trabalhos apresentados no Congresso de Iniciação Científica 2015 vindos de fora do Brasil, ao depositarem DOI com o Galoá.

(Imagem: Apresentação de poster  no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp. Foto de Adriana Pavanelli)

No entanto, ainda são poucos alunos com projetos PIBIC que tem essas oportunidades. Conforme o relatório do CGEE, no período analisado, 42% dos bolsistas PIBIC não apresentou os resultados de seus projetos em eventos científicos e 81% não publicou seus resultados, seja em anais de eventos, periódicos nacionais ou internacionais. Sobre o contato com a língua estrangeira, 44% dos egressos declarou que não teve, nem ao menos com leituras bibliográficas, quanto menos em participação e apresentação de trabalhos em eventos internacionais.

Apesar dos dados serem preocupantes, o estudo salienta que isso normalmente ocorre em projetos de curta duração, no qual o orientando não desenvolve a fundo sua pesquisa e mantém relação mais distante com o orientador. Outro diferencial obtido em questionários de opinião, é que pesquisas mais ricas em experiências ocorrem quando os projetos estão próximos da linha de pesquisa dos professores que orientam.

Confira no gráfico disponibilizado no estudo sobre o impacto do tempo de iniciação científica com as experiências acadêmicas dos bolsistas PIBIC.

O estudo de 2017 intitulado  “A formação de novos quadros para CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação): avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic)” do CGEE é composto por análises quantitativas e qualitativas sobre a visão dos egressos e orientadores sobre a experiência PIBIC, com pesquisa de opinião no período de 01/08/2013 a 31/07/2014, além de avaliações comparativas entre graduandos bolsistas e não bolsistas PIBIC da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Entre as comparações, observou-se que os ex-bolsistas PIBIC tiveram o ingresso no mercado de trabalho adiada frente aos não bolsistas, no entanto, isso se deve à probabilidade dos alunos com pesquisa em Iniciação Científica darem continuidade aos estudos na pós-graduação, não tendo assim emprego formal. Porém, ao se isolar efeitos de variáveis como gênero, idade, áreas do conhecimento e andamento da pós-graduação, bolsistas PIBIC apresentaram remuneração 5% maior dos que não foram bolsistas, sendo que conforme concluem o mestrado e doutorado, a diferenciação tende a crescer.

Uma das propostas do PIBIC, ressaltado pelo CGEE, é “o estímulo a uma maior articulação entre a graduação e pós-graduação”, constatado no estudo de caso da Unesp com indicativo de que 64% dos egressos PIBIC ingressam no mestrado em até 1 ano após a graduação, sendo que quanto maior a duração do projeto de iniciação científica, maior a probabilidade do bolsista continuar com a mesma pesquisa na pós-graduação.

Em linhas gerais, o estudo aponta que o PIBIC tem se mostrado sucesso frente aos principais objetivos que se propôs:

  • contribuir para a formação de quadros para a pesquisa;
  • reforçar a demanda pela formação pós-graduada;
  • despertando o interesse do estudante de graduação pela continuidade dos seus estudos na pós-graduação;
  • e engajar o professor-pesquisador na graduação, contribuindo para aumentar a interação entre os estudantes de graduação e pós-graduação.
(Imagem: Apresentação de pôster no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp. Foto de Antônio Scarpinetti)

O que é o PIBIC e PIBITI?

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) surgiu nos anos 1980 pelo  Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como forma de distribuição de bolsas de pesquisa na graduação como forma de ampliação das experiências acadêmicas e de uma formação mais bem qualificada para pesquisa.

O programa se estende a todas as instituições de ensino superior (IES) e de pesquisa (IPs), independente se essas forem públicas ou privadas, embora cada uma tenha sua cota institucional e fica encarregada por selecionar os projetos, bolsistas e orientadores segundo os critérios estipulados pelo CNPq e orientações das comissões de avaliação, compostas por membros externos e de alto nível de qualificação, conforme relatório do CGEE.

Em 2007, o PIBIC foi ampliado com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), ou seja, similar ao de iniciação científica, mas com foco no desenvolvimento tecnológico dos alunos.

O PIBIC também incentiva a inclusão social nas “universidades públicas que são beneficiárias de cotas PIBIC e que têm programa de ações afirmativas”, com intenção em oportunizar participação de grupos sociais discriminados historicamente, conforme informações do CNPq.

Um balanço de 2001 a 2013 sobre os programas voltados à graduação, o CGEE apurou um crescimento de 67% de bolsas no intervalo, indo de 14,5 mil bolsas para 23,3 mil, superando outros programas de fomento à iniciação científica. No entanto, mais investimento deve ser realizado na base, visto que  o PIBIC e PIBITI não acompanhou o crescimento de matrículas de graduação no mesmo período no setor público (+104%).

(Imagem: Palestra no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp. Foto de Adriana Pavanelli)

Como enriquecer a experiência dos bolsistas IC

O estudo do CGEE destaca que experiências mais ricas de iniciação científica entre os graduandos são aquelas nas quais os alunos conseguem vivenciar mais atividades acadêmicas, como contato com línguas estrangeiras, apresentação dos resultados em eventos científicos e principalmente em anais de eventos e revistas científicas.

Nesse sentido, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os bolsistas PIBIC da instituição devem obrigatoriamente apresentar seus resultados no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp. Também participam do evento alunos com bolsa de outros órgãos, como Fapesp, ou com projetos voluntários de iniciação científica, conforme explica o professor do Instituto de Química e assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp, Fernando Coelho:

“Por enquanto, esse congresso acaba sendo uma obrigatoriedade dos alunos e não podemos tirar a exigência porque faz parte do contrato que temos com o CNPq. Mesmo assim, estamos vendo que o crescimento da adesão dos estudantes, independente da obrigatoriedade. Isso é muito bom! Mostra que o evento está realmente atingindo os objetivos dele.” – Fernando Coelho, IQ/Unicamp.

Todos os trabalhos apresentados no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp de 2015 e 2016 estão disponíveis online e com depósito de DOI individualizado na plataforma Galoá Proceedings Indexados (confira aqui).

Esse diferencial permite que mais pessoas acessem ao que está sendo pesquisado na graduação da Unicamp em qualquer lugar do mundo, gerando impacto notável de acessos, sendo que em seu primeiro ano com DOI no Galoá já chegou a quase 30 mil visualizações.

“As pessoas, às vezes, não têm noção de quanto o evento é importante e que o mundo está vendo as pesquisas. Essa quantidade de acessos significa que o nosso Congresso de Iniciação Científica é um evento de sucesso.” – Prof. Dr. Fernando Coelho, Unicamp

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Referência:

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos- CGEE. A Formação de novos quadros para CT&I: avaliação do programa institucional de bolsas de iniciação científica (Pibic). Brasília, DF: 2017. 44p.

Equipe do Galoá science

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